quarta-feira, 27 de julho de 2011

Promover a igualdade entre os sexos: País atinge meta, mas não alcança equidade

O terceiro Objetivo do Milênio esconde um paradoxo para o Brasil. O país nada de braçada nas metas numéricas estabelecidas pela ONU, que compreendem igualar o número de matrículas de homens e mulheres nas escolas. Desde já, elas são maioria nos ensinos fundamental, médio e superior, à exceção do básico.
Por outro lado, a igualdade de gênero de que fala o objetivo está longe de ser cumprida. "Essa é a meta mais difícil de alcançar até 2015. Requer transformações nos padrões de comportamento, o que pode levar algumas décadas", avalia o representante da ONU e do Pnud no Brasil, Carlos Lopes.
Isso porque, mesmo estudando mais, elas são menosprezadas no mercado e nas relações sociais. Uma das balizas para comparação é o salário. O rendimento das mulheres com 11 anos de estudo perfaz 58,6% do total que um homem, nas mesmas condições, ganharia, aponta o IBGE.
O governo acenou com políticas para reduzir essa e outras desigualdades criando a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres em 2003. A iniciativa privada não ficou atrás. Em 2004, o Instituto Ethos lançou "O Compromisso das Empresas com a Valorização da Mulher", manual com ações para a igualdade de gênero.
Agora, governo e iniciativa privada unem forças. "Em abril, realizaremos um seminário com empresas, sindicatos e associações para estabelecer um processo nacional de valorização das mulheres", diz a ministra Nilcéa Freire (Políticas para as Mulheres).
"Tomando como base a América Latina, o Brasil é reconhecido como modelo de atuação no combate à desigualdade de gênero", afirma a vice-presidente da Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres da ONU Silvia Pimentel. "É preciso potencializar ações para acelerar resultados."
Dentro das empresas
"A igualdade de gênero depende de políticas públicas e do respeito às diferenças. No âmbito empresarial, mulheres não podem ficar fora de promoção por estar em licença-maternidade", afirma Nilcéa Freire.
Algumas companhias tomaram a dianteira. A coordenadora de vendas da IBM, Andiara Leal, 29, subiu de posto em 2004, quando estava grávida de Victor, hoje com 9 meses. Na volta da licença-maternidade, contou com um banco de leite na empresa para garantir o alimento ao bebê. "Fiquei concentrada no trabalho e tive condições de competir de igual para igual com homens."
Apesar dos bons exemplos, elas são minoria no mercado. Dados do IBGE de 2002 mostram que 65% dos empregados e 73% dos empregadores são homens.
Com isso, programas de geração de renda surgem como forma de igualar condições. Desempregada por nove anos, Aldenira Sena, 39, ganhou um curso de bordado. E um lugar no Recicla Jeans, iniciativa da ONG Florescer e da Prefeitura de São Paulo.
O programa de formação profissional para mulheres da comunidade de Heliópolis, zona sul de São Paulo, inclui a elaboração de peças com tecido usado ou sobras de confecções. "Além da geração de renda, a auto-estima delas é valorizada por terem o trabalho reconhecido até no exterior", diz a fundadora da ONG, Nadia Bacchi.
Fonte: Folha UOL

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