terça-feira, 30 de agosto de 2011

Discriminação social,gênero e raça.

Um video sobre a discriminação que assola este mundo, uma vergonha para todas as nações."Discriminar o proximo é discriminar a si mesmo!"

Diga não à discriminação e à desigualdade social.



Fonte: www.youtube.com

Estereótipos, Preconceito e Discriminação


Estereótipo é um conjunto de crenças, de ideias “feitas”, que transmitem uma imagem simplista de um objecto ou pessoas. Generalizam todos os elementos de um grupo a partir do comportamento de alguns deles. Há, portanto, uma categorização, uma classificação positiva ou negativa em relação ao outro, que surge das interacções sociais.
O preconceito é também uma atitude e tem como base o estereótipo. Através da informação do estereótipo faz uma avaliação, um pré-juízo em relação aos outros indivíduos e aos grupos que os constituem.
Por sua vez, a discriminação são os comportamentos que derivam dos estereótipos e dos preconceitos. Geralmente são negativos e podem acentuar-se em situações de crise (política, económica, social...), variando entre o afastamento à violência e agressão.
Com ou sem intenção acabámos por discriminar os outros graças a casos particulares. “Paga o justo pelo pecador”.
Porém, é importante referir que tanto os estereótipos como os preconceitos se podem alterar, fazendo com que o acto discriminatório deixe de existir. Perante acontecimentos extraordinários onde vários elementos ou vários grupos sejam obrigados a conhecerem-se melhor, constatar-se-á que, muito provavelmente, esses indivíduos não possuem as características negativas que se julgavam ter. 
Mas porque razão ou razões existem os estereótipos, os preconceitos e as discriminações?
À semelhança do que já foi dito, os estereótipos permitem-nos simplificar a realidade social, definindo-se o que está certo e o que está errado. Deste modo, possibilitam-nos uma maior adaptação ao meio que nos envolve – função sociocognitiva. Além disso, através deles reconhecemo-nos num determinado grupo (endogrupo), distinguindo-o de todos os outros (exogrupo). Somos o que somos porque pertencemos a um conjunto específico de elementos, desenvolvendo-se os sentimentos de “nós” e de “eles”, bem como os sentimentos de protecção em relação aos indivíduos com quem nos identificamos e de hostilidade em relação aos indivíduos diferentes de nós.
Relativamente aos preconceitos existe também uma função socioafectiva que explica a sua existência. Tal como acontece com os estereótipos, estes visam a protecção e a coesão do grupo, em detrimento dos restantes.
Por fim, a discriminação é fruto dos dois factores anteriores. Perante a cultura, a época, e as formas de cada um pensar em particular existem diferentes formas de discriminação e diferentes grupos vítimas de discriminação. Varia consoante os valores considerados mais ou menos importantes para seres humanos diferentes.

Fonte: MONTEIRO, Manuela Matos, FERREIRA, P. T. (2007), Ser Humano, Psicologia B, Porto Editora.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Violência de Gênero e Saúde da Mulher


O gênero - construção social e histórica - é determinante dos padrões de relacionamento
entre homens e mulheres, e assim, pode-se invocá-lo como fator determinante do processo de adoecimento e morte da população masculina e feminina.

As causas externas, ou seja, acidentes e violências estão entre as principais causas de morte da população jovem masculina. Embora sem esquecer outros fatores sociais, econômicos e políticos, já existem estudos demonstrando que os padrões de masculinidade - que valorizam a agressividade, a competitividade e a negação das emoções - levam os homens, desde a infância a adotarem comportamentos de maior risco do que as mulheres.

Eles dirigem em maior velocidade e com mais ousadia, transformando-se nas principais
vítimas das mortes por acidente de trânsito. A maior parte dos homicídios ocorre na
população masculina. E se é menor a freqüência de suicídio entre homens do que entre
mulheres, eles escolhem métodos mais agressivos e raramente saem com vida de uma
tentativa deste tipo.

Analisando-se as estatísticas por mortes violentas percebe-se que as mulheres correspondem a uma parcela significativamente inferior à população masculina. Não é, portanto, em termos de mortalidade que a violência contra a mulher se expressa nas estatísticas de saúde-doença, embora, deva-se ressaltar que entre os homicídios que atingem a população feminina, em torno de 70% a 80% os companheiros são os autores do Crime.

A violência contra a mulher tem outra feição, na maioria das vezes o episódio agudo e mais grave da violência é o fim de linha de uma situação crônica, insidiosa, que aos poucos foi desmontando as defesas das vítimas até deixá-la completamente à mercê do agressor, sem condições até de pedir ajuda.

A violência nas relações de casal, nas relações afetivas, íntimas, no interior das famílias, expressa dinâmicas de afeto/poder, nas quais estão presentes relações de subordinação e dominação. E no contexto atual, na maioria das vezes, a mulher ainda está em posição
desfavorável.

O efeito da violência contra a mulher - o maltrato, as humilhações, as agressões físicas,
Sexuais e psicológicas - é devastador sobre a auto-estima da mulher. O medo que elas sentem cotidianamente, a insegurança, pois nunca sabem o que poderá desencadear a fúria do agressor, a vergonha diante dos familiares e dos vizinhos, provoca ansiedade, depressão, dores de cabeça constantes. A violência nas relações de casal, o abuso incestuoso, expõe a vítima às doenças sexualmente transmissíveis, à gravidez indesejada, aos abortamentos em situação insegura e conseqüentemente mortalidade por causa materna.

Com freqüência é a violência física e sexual na infância e na adolescência que leva tantas meninas a permanecerem na rua, sendo obrigadas a escolher entre a prostituição e as drogas ou a violência dentro de sua própria casa.

A violência sexual, como fenômeno isolado na vida de uma mulher, perpetrada por estranhos ou conhecidos, também pode trazer conseqüências extremamente graves, principalmente se a vítima não tem uma boa auto-estima e uma estrutura psíquica que favoreça a superação do trauma. O sentimento de culpa por não ter conseguido escapar, sentir-se punida por ter ido ou ter passado no local onde foi agredida. O medo de reencontrar o agressor, de passar por tudo de novo, é comum entre as mulheres atendidas.

A gravidez pós-estupro representa uma invasão "essa coisa que cresce dentro do meu corpo" no dizer de uma delas, que não é vista como filho, que é fruto da violência, relembra e reitera a agressão, o sentimento de impotência e nojo em relação ao agressor. Essa situação se agrava quando a mulher não encontra apoio médico, psicossocial e da justiça para encaminhar as decisões tomadas e que lhe são de direito.

"Que as coisas foram resolvidas, foram, mas que eu fiquei bem, não fiquei não. Acho que aonde eu for, vou levar comigo a lembrança daquele dia. Porque a pessoa pode entender mas nunca vai saber o que é passar por um estupro" (Luzimar, Brasil, 2000).

Retomar a vida amorosa, sexual, é um passo delicado. Enfrentar o medo e as dificuldades de que foi estuprada, ao marido ou ao namorado é causa de muito constrangimento para as mulheres. A violência é causa de sofrimento, adoecimento e morte e pode levar ao suicídio. "Eu sempre pensava assim: se eu engravidar do meu pai eu me mato. Não tenho coragem de fazer um aborto, mas não vou ter um filho dele (...) Eu não sou contra a mulher que decide fazer o aborto por este motivo, mas eu acho que eu me matava, acabava com tido logo de uma vez. Eu sempre quis ter um filho, mas eu não ia ter um filho de meu próprio pai" (Lucimar, Brasil, 2000).

A tabela abaixo apresenta uma síntese dos efeitos da violência sobre a saúde da mulher.

VIOLÊNCIA BASEADA NA DESIGUALDADE DAS RELAÇÕES DE GÊNERO E CONSEQUÊNCIAS PARA A SAÚDE DA MULHER (*)

CONSEQUÊNCIAS PARA A SAÚDE FÍSICA
• Doenças sexualmente transmissíveis
• Ferimentos, escoriações, hematomas, ferimentos, fraturas recorrentes
• Problemas ginecológicos, corrimentos, infecções, dor pélvica crônica
• Doença Inflamatória pélvica
• Gravidez indesejada, abortamento espontâneo
• Asma, Síndrome do colo irritável
• Maior exposição a comportamentos danosos á saúde: sexo inseguro, abuso de álcool e
drogas, prostituição, fumo
• Incapacidade física parcial ou permanente

CONSEQUÊNCIAS PARA A SAÚDE MENTAL
• Estresse pós-traumático
• Depressão; Ansiedade
• Disfunção sexual
• Desordens alimentares
• Comportamentos obsessivo-compulsivos

CONSEQUÊNCIAS FATAIS• Suicídio - Homicídios

Medir a magnitude dos efeitos da violência sobre a saúde da mulher é uma tarefa difícil.
Mulheres que vivem em situação de violência, em geral, procuram um serviço de saúde pelos sintomas que apresentam. Nem sempre elas associam o que sentem as agressões sofridas. O serviço de saúde é percebido como um lugar a ser buscado para tratamentos de doenças, como chegar até lá para conversar sobre a situação conjugal ? Que profissional está habilitado para atender essa demanda: médica(o), enfermeira(o), assistente social ?
Mesmo as psicólogas, e psiquiatras, primeiros a serem procurados pelos colegas para que recebam as vítimas de violência doméstica ou sexual, não receberam uma formação especifica para tratar desse tipo de problema, e também necessitam de uma formação especializada, pois a violência não pode ficar restrita ao campo da saúde mental da vítima.

A maior parte dos profissionais de saúde não foi treinada para decodificar as queixas que podem estar associadas à violência, e quando conseguem estabelecer este vínculo ou levantar esta hipótese, sentem dificuldade em abordar a situação com a clientela. Como introduzir o assunto sem constranger a mulher? Como perguntar de uma maneira que ela possa sentir-se à vontade para falar? Quais os termos a serem utilizados? E o que fazer se a mulher resolver falar?

A formação do pessoal de saúde, especialmente da área médica, está dirigida para diagnosticar e tratar, na expectativa, de que a cura esteja relacionada com a sua capacidade de identificar o problema e prescrever o melhor tratamento. Ainda não é suficientemente valorizado o papel que a clientela pode desempenhar na resolução de seus problemas de saúde. No caso da violência, as decisões ou encaminhamentos a serem realizados pela equipe, se não forem compartilhadas, bastante discutidas com a mulher poderão agravar o problema ou não ajuda-la a tomar a melhor decisão.

"Recebemos uma mulher com a filha de 11 anos, que tinha sido abusada sexualmente pelo avô. A mãe trabalhava fora e as meninas ficavam em casa depois da aula, sem a sua companhia. A mãe estava profundamente abalada: queria proteger as meninas, e sabia que o pai agira errado. Ao mesmo tempo não sentia coragem para denunciar o próprio pai, já velho e doente. Ela tomou providências para que as meninas não sofressem uma nova agressão, mas precisou ser acompanhada pela equipe de psicologia do serviço de referência durante um mês, até sentir-se fortalecida para poder denunciar o pai e poder afastá-lo de sua casa". (Relato do médico responsável pelo serviço, em reunião sobre violência sexual, Natal/RN. Brasil. 2000).

Esta equipe estava ciente da obrigatoriedade de denunciar os casos de violência contra crianças e adolescentes, mas teve sensibilidade para aguardar um mês, tempo necessário para a mulher elaborar o problema que estava vivendo e tomar uma decisão sem frente a situações desse tipo ou até mais graves, o desejo de que a situação se resolva logo, ou a dificuldade de compreender os diferentes fatores que podem levar uma mulher a permanecer numa relação violenta - se a equipe não está bem preparada para acompanhar - pode gerar uma grande insatisfação e reforçar o preconceito social contra a vítima, percebida muitas vezes como uma mulher que gosta de apanhar, que está ali porque quer.

A linguagem dos sintomas e diagnósticos não abarca o universo multifatorial da violência. Desta forma, para que o setor saúde incorpore a violência doméstica e sexual como questão de saúde pública, é necessário que todos os envolvidos encarem o desafio de recriar a linguagem da saúde, redimensionando o espaço da doença e das em pessoas, que vivem cada uma a sua história, em diferentes contextos, com diferentes necessidades, porém com iguais direitos de opinar sobre a forma como querem ser tratadas e ajudadas na resolução de seus problemas.

No caso de crianças e adolescentes a situação é diferente e a vinculação dos serviços aos
órgãos de proteção e defesa dos direitos é condição obrigatória para o acompanhamento adequado de cada caso.

Bibliografia consultada

• (*) Heise, L., Pitanguy, J., Germain, A., Violence Against Women. Washington, D.C, The
World Bank, 1994.
• Schraiber, L.B., D'Oliveira, A. F.L.P. Violência contra mulheres: Interfaces com a Saúde.
Interface, Comunicação,Educação, vol 3, n. 5, 1999
• Sabo, Don. Compreender la Salud de los Hombres. Un enfoque sensible al género.
Publicación Ocasional nº 4 Género, Equidad, Salud. Organización Panamericana de la Salud;
Harvard Center for population and Development Studies. 2000

domingo, 14 de agosto de 2011

Movimento Feminista

Causas da Violência no Brasil

Nos últimos anos, a sociedade brasileira entrou no grupo das sociedades mais violentas do mundo. Hoje, o país tem altíssimos índices de violência urbana (violências praticadas nas ruas, como assaltos, seqüestros, extermínios, etc.); violência doméstica (praticadas no próprio lar); violência familiar e violência contra a mulher, que, em geral, é praticada pelo marido, namorado, ex-companheiro, etc...
A questão que precisamos descobrir é porque esses índices aumentaram tanto nos últimos anos. Onde estaria a raiz do problema?...
 
Infelizmente, o governo tem usado ferramentas erradas e conceitos errados na hora de entender o que é causa e o que é conseqüência. A violência que mata e que destrói está muito mais para sintoma social do que doença social. Aliás, são várias as doenças sociais que produzem violência como um tipo de sintoma. Portanto, não adianta super-armar a segurança pública, lhes entregando armas de guerra para repressão policial se a “doença” causadora não for identificada e combatida.
 Já é tempo de a sociedade brasileira se conscientizar de que, violência não é ação. Violência é, na verdade, reação. O ser humano não comete violência sem motivo. É verdade que algumas vezes as violências recaem sob pessoas erradas, (pessoas inocentes que não cometeram as ações que estimularam a violência). No entanto, as ações erradas existiram e alguém as cometeu, caso contrário não haveria violência.
Em todo o Mundo as principais causas da violência são: o desrespeito -- a prepotência -- crises de raiva causadas por fracassos e frustrações -- crises mentais (loucura conseqüente de anomalias patológicas que, em geral, são casos raros).
Exceto nos casos de loucura, a violência pode ser interpretada como uma tentativa de corrigir o que o diálogo não foi capaz de resolver. A violência funciona como um último recurso que tenta restabelecer o que é justo segundo a ótica do agressor. Em geral, a violência não tem um  caráter meramente destrutivo. Na realidade, tem uma motivação corretiva que tenta consertar o que o diálogo não foi capaz de solucionar. Portanto, sempre que houver violência é porque, alguma coisa, já estava anteriormente errada. É essa “coisa errada” a real causa que precisa ser corrigida para diminuirmos, de fato, os diversos tipos de violências.
No Brasil, a principal “ação errada”, que antecede a violência é o desrespeito. O desrespeito é conseqüente das injustiças e afrontamentos, sejam sociais, sejam econômicos, sejam de relacionamentos conjugais, etc. A irreverência e o excesso de liberdades (libertinagens, estimuladas principalmente pela TV), também produzem desrespeito. E, o desrespeito, produz desejos de vingança que se transformam em violências.
Nas grandes metrópoles, onde as injustiças e os afrontamentos são muito comuns, os desejos de vingança se materializam sob a forma de roubos e assaltos ou sob a forma de agressões e homicídios. Já a irreverência e a libertinagem estimulam o comportamento indevido (comportamento vulgar), o que também caracteriza desrespeito e produz fortes violências.
Observe que quando um cidadão agride o outro, ou mata o outro, normalmente o faz em função de alguma situação que considerou desrespeitosa, mesmo que a questão inicial tenha sido banal como um simples pisão no pé ou uma dívida de centavos. Em geral, a raiva que enlouquece a ponto de gerar a violência é conseqüência do nível de desrespeito envolvido na respectiva questão. Portanto, até mesmo um palavrão pode se transformar em desrespeito e produzir violência. Logo, a exploração, o calote, a prepotência, a traição, a infidelidade, a mentira etc., são atitudes de desrespeito e se não forem muito bem explicadas, e justificadas (com pedidos de desculpas e de arrependimento), certa­mente que ao seu tempo resultarão em violências. É de desrespeito em desrespeito que as pessoas acumulam tensões nervosas que, mais tarde, explodem sob a forma de violência.
Sabendo-se que o desrespeito é o principal causador de violência, podemos então combater a violência diminuindo os diferentes tipos de desrespeito: seja o desrespeito econômico, o desrespeito social, o desrespeito conjugal, o desrespeito familiar e o desrespeito entre as pessoas (a “má educação”). Em termos pessoais, a melhor maneira de prevenir a violência é agir com o máximo de respeito diante de toda e qualquer situação. Em termos governamentais, as autoridades precisam estimular relacionamentos mais justos, menos vulgares e mais reverentes na nossa sociedade. O governo precisa diminuir as explorações econômicas (as grandes diferenças de renda) e podar o excesso de “liberdades” principalmente na TV e no sistema educativo do país. A vulgaridade, praticada nos últimos anos vem destruindo valores morais e tornando as pessoas irresponsáveis, imprudentes, desrespeitadoras e inconseqüentes. Por isso, precisamos, também, restabelecer a punição infanto-juvenil tanto em casa quanto na escola. Boa educação se faz com corretos deveres e não com direitos insensatos. Precisamos educar nossos adolescentes com mais realismo e seriedade para mantê-los longe de problemas, fracassos, marginalidade e violência. Se diminuirmos os ilusórios direitos (causadores de rebeldias, prepotências e desrespeitos) e reforçarmos os deveres, o país não precisará colocar armas de guerra nas mãos da polícia para matar nossos jovens cidadãos (como tem acontecido tão freqüentemente).
Fonte:http://www.renascebrasil.com.br/f_violencia.htm

Feminismo

Feminismo é o movimento social que defende igualdade de direitos e status entre homens e mulheres em todos os campos.
Embora ao longo da história diversas correntes filosóficas e religiosas tenham defendido a dignidade e os direitos da mulher em muitas e diferentes situações, o movimento feminista remonta mais propriamente à revolução francesa.
A convulsão desencadeada em 1789, além de pôr em cheque o sistema político e social, então vigente na França e no resto do Ocidente, encorajou algumas mulheres a denunciar a sujeição em que eram mantidas e que se manifestava em todas as esferas da existência: jurídica, política, econômica, educacional etc.
Enquanto os revolucionários proclamavam uma declaração dos direitos do homem e do cidadão, a escritora e militante Olympe de Gouges redigia um projeto de declaração dos direitos da mulher, inspirada nas idéias poéticas e filosóficas do marquês de Condorcet.
Desde o início da revolução, as francesas participaram ativamente da vida política e criaram inúmeros clubes de ativistas femininas. Em 1792, uma delegação encabeçada por Etta Palm foi até a Assembléia para exigir que as mulheres tivessem acesso ao serviço público e às forças armadas. Essa exigência não foi atendida e o movimento feminino foi suprimido pelo Terror. Robespierre proibiu que as mulheres se associassem a clubes, e o projeto de igualdade política de ambos os sexos foi arquivado.
Em 1848, a França conheceu nova revolução e, como a anterior, sacudiu as bases da ordem estabelecida. Mais uma vez os clubes femininos proliferaram no país. As mulheres agora reivindicavam não só a igualdade jurídica e o direito a voto, mas também a equiparação de salários. Essas novas exigências se explicavam pelas transformações da sociedade européia da época. Com a crescente industrialização, as mulheres dos meados do século XIX foram cada vez mais abandonando seus lares para empregar-se como assalariadas nas indústrias e oficinas. Entraram, assim, em contato com as duras realidades do mercado de trabalho: se os operários da época já eram mal pagos, elas recebiam menos ainda. Conseqüentemente, era mais vantajoso dar emprego às mulheres que aos homens, e, assim, estes últimos viram-se envolvidos em uma penosa concorrência com o outro sexo. Irromperam até mesmo movimentos de oposição ao trabalho feminino.
Nesse confuso panorama, emergiram dois fenômenos significativos. A partir do momento em que as mulheres se mostraram capazes de contribuir para o sustento de suas famílias, não foi mais possível tratá-las apenas como donas-de-casa ou objetos de prazer. As difíceis condições de trabalho impostas às mulheres conduziram-nas a reivindicações que coincidiam com as da classe operária em geral. É, pois, dessa época que data a estreita relação do feminismo com os movimentos de esquerda.
Feminismo nos Estados Unidos e no Reino Unido: Os Estados Unidos e o Reino Unido também se notabilizaram por vigorosos movimentos feministas, surgidos já em princípios do século XIX. Em 1837, fundou-se nos Estados Unidos a universidade feminina de Holyoke e, nesse mesmo ano, realizou-se em Nova York uma convenção de mulheres que se opunham à escravidão. O abolicionismo foi, efetivamente, um dos temas centrais do desenvolvimento e consolidação do movimento feminista americano.
No Reino Unido, Mary Wollstonecraft publicou A Vindication of the Rights of Women (1792; Reivindicação dos direitos das mulheres), obra em que exigia para as mulheres as mesmas oportunidades de que gozavam os homens na educação, no trabalho e na política. Mas foi somente em meados do século XIX, graças aos esforços conjuntos de Barbara Leigh Smith e do filósofo e economista John Stuart Mill, que se criou um comitê do sufrágio feminino. Em 1866, esse comitê apresentou ao Parlamento um projeto igualitário, que foi rejeitado.
Apesar dos êxitos parciais alcançados, o movimento sufragista britânico teve de esperar também o século XX para ver coroados seus esforços.
O movimento feminista brasileiro teve como sua principal líder a bióloga e zoóloga Berta Lutz, que fundou, em 1922, a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. Essa organização tinha entre suas reivindicações o direito de voto, o de escolha de domicílio e o de trabalho, independentemente da autorização do marido. Outra líder feminina, Nuta Bartlett James, participou das lutas políticas do país na década de 1930 e foi uma das fundadoras da União Democrática Nacional (UDN).
Feminismo no século XX: Desde o início do século XX, a situação mudou rapidamente pelo mundo inteiro. A revolução russa de 1917 concedeu o direito de voto às mulheres e, em 1930, elas já votavam na Nova Zelândia (1893), na Austrália (1902), na Finlândia (1906), na Noruega (1913) e no Equador (1929). Por volta de 1950, a lista compreendia mais de cem nações.
Após a segunda guerra mundial, o feminismo ressurgiu com vigor redobrado, sob a influência de obras como Le Deuxième Sexe (1949; O segundo sexo), da francesa Simone de Beauvoir, e The Feminine Mystique (1963; A mística feminina), da americana Betty Friedan. No Reino Unido destacou-se Germaine Greer, australiana de nascimento, autora de The Female Eunuch (1971; A mulher eunuco), considerado o manifesto mais realista do women's liberation movimento (movimento de libertação da mulher), mundialmente conhecido como women's lib. Agora já não se tratava mais de conquistar direitos civis para as mulheres, mas antes de descrever sua condição de oprimida pela cultura masculina, de revelar os mecanismos psicológicos e psicossociais dessa marginalização e de projetar estratégias capazes de proporcionar às mulheres uma liberação integral, que incluísse também o corpo e os desejos. Além disso, contam-se entre as reivindicações do moderno movimento feminista a interrupção voluntária da gravidez, a radical igualdade nos salários e o acesso a postos de responsabilidade.
O objetivo de plena igualdade, nunca radicalmente alcançado, realizou-se de forma muito desigual nos diversos países. Entre os principais obstáculos, os de índole cultural são de grande importância. Assim, por exemplo, sobrevivem em grande parte do continente africano resíduos da organização tribal. Em outra esfera, as peculiaridades culturais do mundo islâmico redundam em dificuldades e atrasos na consecução das reivindicações feministas.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Dia Internacional da Mulher Negra na América Latina e Caribe: porque a luta em gênero e raça

Escrito por: Maria Julia Reis Nogueira, Secretaria Nacional de Combate ao Racismo

27/07/2011


Em 1992, mulheres representantes de 70 países se reuniram na República Dominicana para participar do 1º Encontro Nacional de Mulheres Afrolatinas-americanas e afro-caribenhas, quando ficou estabelecido que o Dia 25 de julho seria o DIA INTERNACIONAL DA MULHER NEGRA NA AMÉRICA LATINA  E CARIBE.

A data definida pela ONU representa um marco institucional de luta e de resistência da mulher negra.

Alguns podem se pedem perguntar se existem justificativa para o dia 25 de julho, considerando a existência do 8 de março, quando homenageamos todas as mulheres pelas conquistas alcançadas graças à mobilização em defesa do respeito, da dignidade e de direitos iguais.

Para nós, razões não faltam e podemos apresentar alguns elementos que certamente irão fazer com que se reflita sobre a importância da instituição deste dia:

1-     A Mulher negra é vitima de uma dupla discriminação: de gênero e de raça. Ainda não podemos nos esquecer que 25 de julho é dia do trabalhador e da trabalhadora  rural, portanto a trabalhadora rural negra é vitima de mais uma discriminação;

2-     A s Mulheres Negras chegam e receber mensalmente cerca de 66% menos nos salários quando comparados com os homens não negros;

3-     A grande maioria das mulheres negras, 93%, encontra-se no trabalho domestico, o que representa 8 milhões de pessoas. Dessas, 80% não possuem a formalização do vinculo empregatício se quer tem o contrato registrado na CTPS.

Essas poucas considerações, demonstram a necessesidade de se ter pelo um dia em que possamos refletir e debater as questões referentes às mulheres negras e pensar como podemos nos articular para construirmos ações e políticas voltadas para combater a discriminação contras as mulheres, em particular, as negras, ainda mais massacradas, excluídas e discriminadas que as não-negras.

A existência desse dia internacional dedicado às mulheres negras, é necessário e bastante oportuno para podermos refletir, dialogar e pensar ações especificas que viabilizem na prática e no dia-a-dia o combate ao preconceito e à discriminação cotidiana.