quinta-feira, 19 de abril de 2012

O IMPACTO DA GLOBALIZAÇÃO NA ELABORAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS URBANAS: UMA POSSIBILIDADE DE APROXIMAR A CIDADE À CIDADANIA.


Cintia Maria Scheid

A globalização impôs ao mundo e, especialmente, aos países de menor envergadura econômica, a adoção de certas medidas que acabaram resultando na erosão da soberania e no comprometimento da democracia, na medida em que decisões antes atinentes ao âmbito do Estado-nação passaram a ser tomadas em nível transnacional.

Os impactos desse fenômeno se fazem sentir por toda a parte, e os custos sociais são suportados, em realidade, pelos países periféricos, onde a cidade é a expressão visível desse processo, seja porque o aumento do desemprego oriundo da lógica da reestruturação da produção através da automatização gerou um nível de desemprego assustador, desprovendo grande parte da população de recursos para fazer frente às suas necessidades mais básicas, como a habitação, seja porque o processo de globalização, ao exigir que as políticas públicas urbanas se orientem para os investimentos em infraestrutura que proporcionem o fluxo global de capital e informação deixam de lado aquele setor da cidade para onde se dirige a grande parte da população carente.

O reconhecimento dessa situação é o ponto de partida para que as políticas públicas urbanas sejam democráticas e integradoras, através da participação do cidadão num processo amplo de discussão acerca das reais necessidades urbanas. Ao potencializar a co-gestão entre o Estado e a sociedade, ou seja, entre o público e o privado, é possível minimizar os efeitos perversos decorrentes da nova ordem mundial em que as cidades estão inseridas. Nesse sentido, o papel das organizações transnacionais fortalece o trabalho realizado em nível local, pois ao fornecerem parâmetros e princípios norteadores dessa nova dinâmica, amplificam as reais questões urbanas para o nível internacional.

Com efeito, o que se demanda é uma redefinição dos papéis do Estado, da sociedade civil e do espaço público em face da realidade globalizada em que está inserida a sociedade contemporânea, onde o poder local exerce papel fundamental. Nesse contexto, a globalização possibilita, ainda que de forma oblíqua, a construção do espaço local mediante a participação do indivíduo como protagonista no processo de reconstrução da cidade democrática, aproximando, assim, a cidade à cidadania.

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