quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Homem mais escolarizado tem maior participação nas tarefas domésticas

O IBGE mostra que a crescente participação das mulheres no mercado de trabalho não reduziu a jornada delas com os afazeres domésticos. Pelo contrário, na faixa etária de 25 a 49 anos de idade, onde a inserção das mulheres nas atividades remuneradas é maior e que coincide com a presença de filhos menores, o trabalho doméstico ocupa 94,0% das mulheres. No país, 109,2 milhões de pessoas de 10 anos ou mais de idade declararam realizar tarefas domésticas; sendo que, deste conjunto, 71,5 milhões (65,4%) são mulheres e 37,7 milhões (34,6%) são homens. No total da população masculina, observa-se, no Nordeste, a menor participação dos homens nestas tarefas (46,7%,) enquanto que, no Sul, se evidencia a maior taxa (62%). E, ainda, na população masculina, quem mais realiza tarefas em casa são os mais escolarizados (54%), enquanto que para as mulheres ocorre o inverso. Segundo o estudo, também pode-se deduzir que a aposentadoria permite aos homens se dedicarem mais a estas atividades. São os homens de 60 anos ou mais de idade que dedicam maior parte do seu tempo nestes afazeres (13 horas semanais). Do lado feminino, o trabalho doméstico consome mais tempo na faixa dos 50 a 59 anos de idade, chegando a 31 horas semanais, cerca de 3 vezes mais que o tempo dedicado pelos homens de mesma idade. Estas e outras informações podem ser encontradas no novo estudo do IBGE, que tem como objetivo explorar a análise sobre atividades domésticas contida na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios/PNAD de 2001 e de 2005, período em que passou a ser investigado o número de horas dedicadas a essa tarefa. Com esse material, também foi possível analisar as informações de jornada de trabalho e tempo de deslocamento, que permite, por exemplo, calcular um número aproximado de tempo disponível para lazer e estudo. Embora o IBGE não tenha realizado uma pesquisa específica sobre o uso do tempo, esta base de dados da PNAD proporciona uma visão parcial do assunto.

Na análise das famílias, os números mostram que a existência de um cônjuge masculino dentro de casa representa um aumento de cerca de duas horas semanais em afazeres domésticos para as mulheres que se declararam responsáveis pelo domicilio. Entre estas mulheres, a maior jornada observada em afazeres domésticos ocorre nas famílias formadas por casal com filhos menores de 14 anos (29,7 horas semanais) mas , neste mesmo tipo de arranjo, onde a mulher não tem cônjuge, o tempo médio despendido é de 27,6 horas.

Desde a infância, o trabalho doméstico está relacionado a uma atividade feminina e a construção desse comportamento pode ser observada na baixa participação dos meninos nesta atividade. Em 2005, cerca de 83% das meninas, de 10 a 17 anos de idade, realizaram tais afazeres, enquanto que entre os meninos nesta mesma faixa etária a proporção foi de 47,4%. O tempo despendido nessas atividades diferencia significativamente entre os sexos: meninos 8,2 e meninas, 14,3 horas semanais.

Homem mais escolarizado ajuda mais em casa

É na população com 12 anos ou mais de estudo que se verifica o menor tempo dedicado aos afazeres domésticos, sejam homens ou mulheres. Para as mulheres com esse nível de escolaridade, a jornada doméstica é cerca 5 horas/semana menor do que a observada para as mulheres menos escolarizadas. Na população masculina, quem mais realiza tarefas em casa são os mais escolarizados (54%), enquanto que para as mulheres ocorre o inverso. São as mulheres mais escolarizadas que menos contribuem para o trabalho doméstico: 22,6 horas por semana.

Informações apontam para dupla jornada feminina

Para a população ocupada, o tempo dispensado para as tarefas domésticas entre homens e mulheres é de 9,1 e 21,8 horas semanais, respectivamente. A carga horária remunerada feminina é de 34,7 horas semanais e a masculina, 42,9. No entanto, considerando a jornada do trabalho produtivo mais os afazeres domésticos nos cinco dias úteis da semana, as mulheres, em média, trabalham 11,5 horas por dia contra 10,6 horas para os homens.

No Sudeste, a carga de trabalho para as mulheres é maior, com média de 36,7 horas e são consumidas mais 21,3 horas com afazeres domésticos. Na região Nordeste, a carga horário feminina teve a menor média de horas remuneradas com 31,2. Contrastando com este quadro, as trabalhadoras nordestinas se ocupam nas tarefas domésticas com 23,9 horas por semana, a média mais alta do país.

Apesar da jornada das mulheres no mercado de trabalho ser menor, se for considerado o trabalho da mulher com a casa e a família, a carga de trabalho semanal total delas supera a dos homens em quase cinco horas.

Mulheres casadas gastam mais horas com atividades do lar

O estudo também revela características sobre a alocação do tempo com afazeres domésticos, de acordo com os arranjos familiares. A jornada média das cônjuges é cerca do triplo dos homens que ocupam esta posição na família (31,1 e 10,9 horas semanais, respectivamente). O fato de a mulher ser ou não casada é outro fator que interfere no número de horas gastas durante a semana. As que são casadas e tem filhos menores de 14 anos têm a maior média: 29,0 horas. Entre as não-casadas, este dado é de 22,0 horas semanais.

Mulheres de cor preta e parda dedicam mais tempo às atividades da casa

Segundo o estudo do IBGE, a cor/ raça mostrou-se como uma variável de pouca influência na condição de cuidar ou não de afazeres domésticos em todo país. Contudo, através da relação conjunta entre sexo e cor, verificou-se que as mulheres de cor preta e parda (25,7 horas) dedicam mais tempo no cuidado de afazeres domésticos do que as mulheres brancas (24,9 horas) mesmo que a diferença não seja tão acentuada. No Nordeste, as mulheres pretas e pardas gastam cerca de 27 horas semanais nestas atividades, quase 4 horas por dia.

Fonte: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)

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